Vigilância de Saúde Ativa em tempo de Pandemia

Em janeiro de 2020, a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou o surto da COVID-19 (1), como uma emergência em saúde pública de âmbito internacional. Dois meses depois, a mesma organização, atenta à rápida propagação mundial e considerando o número de países afetados, classificou a doença causada pelo novo coronavírus: SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome – Síndrome Respiratória Aguda Grave) como pandemia. Nesta altura, Portugal registava o primeiro caso de doença, seguindo-se o mesmo cenário, a 15 de março, nos Açores.
Durante o contexto pandémico, as políticas de saúde pública têm primado pela implementação de diversas medidas com o intuito da resolução e controlo da COVID-19, doença infeciosa do foro respiratório que já afetou 879.557 portugueses, entre eles, 6.340 açorianos (à data de 30 de junho de 2021). Esta atenção dos sistemas de saúde focada, de forma prioritária, na resolução da situação pandémica, pode repercutir-se numa ameaça à vigilância de saúde individual.

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1 COVID-19: doença causada pelo vírus: SARS-CoV-2, assim designada por ser provocada pelo novo Coronavírus. Pode transmitir-se por via direta, pelo do contacto próximo com pessoas infetadas através de gotículas, secreções e aerossóis emitidos ou por via indireta, pelo contacto com objetos ou superfícies infetadas e posterior contacto com os olhos, nariz ou boca.

O que é a vigilância de saúde e porque deve permanecer ativa em tempo de pandemia?
A vigilância de saúde representa um dever para o utente, elencado na primeira alínea da Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes: “O doente tem o dever de zelar pelo seu estado de saúde”. É um processo contínuo e amplo de colheita, análise e partilha de dados de saúde, que implica o envolvimento de duas partes: o indivíduo e o serviço de saúde, sendo que ambos se revestem de responsabilidades para com este processo. A vigilância de saúde, a par de fatores como o rendimento económico, o status social, educação, emprego, condições de trabalho e do estilo de vida, entre outros, é um determinante da saúde, ou seja, é um fator que influencia o estado de saúde da pessoa ou população.
A saúde é um processo de equilíbrio influenciado por fatores biológicos, sociais, psicológicos, culturais, espirituais, etc. Vigiar a saúde, de forma ativa, é ser responsável pela adequada e continuada monitorização do seu estado de bem-estar, integrada na sua capacidade de autocuidado.3
Vigiar a saúde, em tempo de pandemia, implica estar atento a sinais de contágio por COVID-19, mas também garantir o melhor estado de saúde dos indivíduos para superar o período pandémico, mantendo a sua maior funcionalidade. Esta vigilância, contudo, carece de algum esclarecimento e orientação, pois as condições para a sua salvaguarda alteraram-se significativamente no último ano.
O presente artigo pretende abordar a temática da vigilância de saúde em tempo de pandemia analisada em duas vertentes: considerando a proteção da saúde da população no controlo e prevenção de situações não-COVID e na sensibilização para a monitorização ativa da COVID, nomeadamente, a capacidade de autoidentificar sintomas sugestivos de infeção e implementar os cuidados adequados à situação.

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3 Autocuidado: atividade executada pela própria pessoa, para assegurar a resposta às suas necessidades e para se manter operacional, bem como desenvolver as suas atividades de vida diárias, visando a manutenção da sua saúde e bem-estar.
Vigilância da saúde para prevenção e controlo de situações não-COVID
Apesar da presente pandemia representar uma grande preocupação para os Sistemas de Saúde, a consideração pelas questões de saúde antecedentes e/ou emergentes, classificadas como não-COVID, tem de continuar a ser assegurada, para garantia do melhor estado de saúde da população. A vigilância de saúde de situações não-COVID é analisada com enfoque na oferta de cuidados garantida pelos serviços de saúde integrando, igualmente, a perspetiva de autorresponsabilização do cidadão pelo seu estado de saúde.

O que mudou, com a pandemia, na utilização dos serviços de saúde?
Tendo por base uma revisão sistemática da literatura (realizada por Moynihan e outros), método de investigação científica que reuniu estudos relevantes sobre o impacto da pandemia da COVID-19 na utilização dos serviços de saúde, a nível mundial foi possível identificar, no período decorrido entre março e agosto de 2020, uma tendência para alterações no funcionamento dos serviços de saúde, maioritariamente para a sua redução, sendo apontados, como motivos justificativos desta situação:
1) Receio de ser infetado por SARS-Cov-2 aquando da utilização dos serviços;
2) Incapacidade de recorrer ao serviço de saúde pela imposição de medidas de confinamento;
3) Suspensão e cancelamento/adiamento de Serviços de Saúde.

A acompanhar a realidade descrita no ponto 1, o Observatório COVID, desenvolvido pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, que tem vindo a acompanhar a utilização dos serviços de saúde em Portugal durante a pandemia, indica que, da população que reportou necessidade de atendimento em serviços de saúde, no período compreendido entre 10 e 24 de abril de 2020 (24,7%), mais de metade não teve o atendimento previsto pelos factos de: o mesmo ter sido desmarcado/adiado (35,2%) ou porque o indivíduo preferiu não comparecer (22,4%). Esta realidade de absentismo representa uma preocupação séria em saúde, se tivermos em conta que as pessoas que preferiram não comparecer se consideram em situações de maior risco e suscetibilidade para desenvolver doença grave e complicações da COVID-19, comparativamente às pessoas que compareceram aos agendamentos de saúde que lhes tinham sido propostos. Outra questão alarmante, com relação direta com os pontos 1) e 3) acima mencionados é a de que a população idosa é a que mais evita recorrer aos serviços, apesar de reconhecer que teria motivos graves para procurar os serviços de saúde.
Em relação ao ponto 2), importa recordar e contextualizar que, a 18 de março de 2020, o Governo da República regulamentou a aplicação do estado de emergência, através do Decreto n.º 2-A/2020, altura em que foram suspensos todos os serviços considerado não-essenciais e imposto o dever geral de recolhimento domiciliário sendo, após essa data e, de forma progressiva, retomado o funcionamento dos serviços, nomeadamente os serviços programados de atendimento em saúde.
A investigação científica previamente enunciada indica que, relativamente ao funcionamento dos serviços de saúde, durante o período de pandemia, as vertentes de vigilância de saúde que apresentaram diminuição mais significativa na sua realização foram: a execução de exames complementares de diagnóstico (com redução de 31,4% comparativamente ao mesmo período do ano transato), as admissões aos serviços para internamento (sofreram uma redução de 28,4%), e a realização de consultas para administração de terapêutica, nomeadamente para vacinação (em que se verifica uma redução de 30% de incidência).
A OMS, em agosto de 2020, indica, como maiores preocupações com a limitação dos cuidados de saúde prestados: a redução da imunização consequente do não-cumprimento atempado da vacinação, a diminuição dos diagnósticos precoces de cancro e o descurar do seguimento em saúde mental. Estas devem, portanto, ser entendidas como áreas prioritárias a atender, em saúde.
No contexto da prestação de cuidados local, a priorização destas valências em saúde tem sido salvaguardada e operacionalizada pela Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel (USISM), tendo por base as orientações emanadas pela Direção Regional de Saúde, na medida em que a vacinação atempada, essencialmente a primovacinação infantil tem sido salvaguardada como atividade prioritária pela instituição, de modo a que se mantenham taxas favoráveis de cobertura vacinal e, por conseguinte, não se descure a importância da aquisição de imunidade de grupo.
Na vertente da antecipação de diagnósticos oncológicos precoces, têm-se mantido em curso os rastreios organizados pelo Centro de Oncologia dos Açores (COA) e, a nível dos atendimentos em saúde mental, prosseguem as consultas médicas, de psicologia e de enfermagem dedicadas à vigilância desta vertente de saúde.

O que mudou na organização dos serviços de saúde, em tempo de pandemia?
De há mais de um ano a esta parte, muitos recursos técnicos e humanos têm sido requisitados não só para manter a frente de vigilância epidemiológica à COVID-19, mas também muitos profissionais têm sido recrutados para apoiar e alavancar o processo de vacinação COVID.
Apesar da diminuição da atividade programada de atendimento em saúde nas várias instituições do Serviço Nacional de Saúde, como forma de garantir a prestação de cuidados necessários para os utentes, tem sido limitado o acesso da população a serviços considerados não-prioritários. Na prática, estas medidas de reorganização de serviços significam que os atendimentos presenciais se têm reduzido ao mínimo essencial para salvaguarda da vigilância de questões sensíveis, críticas ou consideradas mais prioritárias em saúde e que, por esse motivo, poderão ser adiados ou condicionados os cuidados de saúde considerados não essenciais. Pretende-se essencialmente, que, neste tempo de Pandemia sejam minimizados os fatores que possam prejudicar a vigilância para a saúde.

Que medidas têm sido adotadas pelos serviços de saúde para garantir a resposta às necessidades de saúde da população?
Os meios de contacto não presencial devem ser as formas privilegiadas de articulação com os profissionais de saúde. Deste modo, qualquer atendimento em saúde deve ser previamente agendado na Unidade de Saúde em questão e as dúvidas em saúde, que não obriguem a observação presencial, devem ser resolvidas telefonicamente ou via eletrónica (e-mail). Efetivamente, a evidência científica tem demonstrado que o recurso a tecnologias digitais, como forma de manter a continuidade de cuidado com o utente, se tem a figurado como um meio eficaz e adequado para o efeito. O modelo de consulta telefónica, utilizado por médicos, enfermeiros e outros técnicos de saúde, apesar de não ser o método ideal, tem sido referenciado como a alternativa mais utilizada por profissionais de saúde ao atendimento presencial, com comprovados benefícios no acompanhamento da situação de saúde dos utentes.

Atualmente, é seguro recorrer aos serviços de saúde?
De acordo com a avaliação da evolução pandémica, entre março e maio de 2020, dados do Observatório COVID, revelam que tem crescido o nível de confiança da população na utilização dos serviços de saúde. Enquanto todos os serviços públicos foram solicitados a desenvolver planos de contingência para gestão do risco de infeção por COVID-19, os serviços de saúde, de uma forma particular seguem normas rigorosas para prevenção de risco de infeção, controlo de qualidade no atendimento e garantia da segurança da saúde dos seus utentes. Estes normativos são rigorosamente cumpridos na USISM.

Se precisar de recorrer aos serviços de saúde, aceda com confiança! Deve cumprir, para o efeito, a sua parte da responsabilidade para assegurar uma frequência segura para todos:
• Agende previamente a sua ida;
• Cumpra o horário proposto para o seu agendamento;
• Respeite os limites máximos estipulados para permanência nas salas de espera;
• Cumpra o distanciamento de segurança entre outros utentes;
• Recorra, preferencialmente, sem acompanhantes;
• Use máscara;
• Cumpra a etiqueta respiratória;
• Higienize, frequentemente, as suas mãos.

Se apresentar sintomatologia compatível com quadro clínico de infeção por SARS-CoV-2:
• Não recorra aos serviços de saúde;
• Ligue à Linha de Saúde Açores (808 24 60 24);
• Mantenha-se em casa;
• Evite contactos sociais.

A segurança dos serviços depende da sua postura responsável na sua utilização!

Devo participar em iniciativas de vigilância de saúde pontuais, como rastreios?

Os rastreios são um processo de diagnóstico antecipado em pessoas que não apresentam sintomas sugestivos de doença. Normalmente, baseiam-se em exames simples e não invasivos, realizados numa faixa etária específica e com regularidade variável. Os rastreios oncológicos são programas de vigilância em saúde que têm por objetivo detetar, precocemente, doença oncológica e reduzir a mortalidade a ela associada. Se for convocado para os rastreios oncológicos em curso na região, como o Rastreio Organizado do Cancro do Colo do Útero Açores (ROCCA), Rastreio Organizado do Cancro da Mama Açores (ROCMA), Rastreio Organizado do Cancro do Cólon e Reto Açores (ROCRA) ou Programa de Intervenção do cancro da Cavidade Oral Açores (PICCOA), não hesite em participar. Não se esqueça que, ao fazê-lo, estará a salvaguardar a sua saúde.

Que serviços são disponibilizados, pela USISM, para atendimento não presencial?
Alguns dos serviços mais solicitados pelos utentes e que não implicam o atendimento presencial na instituição incluem: a consulta não presencial, via telefónica, a gestão de terapêutica e pedido de receituário e a gestão de exames complementares de diagnóstico.
Nas situações em que a consulta presencial não seja absolutamente necessária, pode lhe ser sugerida, em alternativa, a realização de um atendimento por consulta não presencial, via telefónica. Isto significa que o profissional de saúde entra em contacto consigo para realizar a consulta via telefone ou telemóvel. Para que este procedimento se consiga realizar da melhor forma, é de extrema importância que atualize os seus contactos junto da instituição, de modo que o serviço de saúde possa, facilmente, chegar até si.
Os pedidos de receituário e a gestão da sua terapêutica são, também, situações que podem ser resolvidas por meio de contacto telefónico com a sua unidade de saúde ou através de e-mail para o serviço em causa. Para utilizar este recurso, consulte, no site da USISM, informação atualizada dos contactos dos diversos serviços disponibilizados pela instituição. Ao enviar e-mail para o seu médico de família, com o pedido de medicação em falta, o mesmo irá proceder à emissão de prescrição eletrónica a que poderá aceder via SMS ou e-mail. Qualquer uma das vias dispensa o documento físico para a aquisição da medicação nas farmácias.
Os exames complementares de diagnóstico requisitados pelo seu médico de família, em muitos casos, podem chegar ao seu conhecimento e do seu médico de família, sem que tenha de se deslocar ao serviço prestador convencionado para os levantar. Confirme, no ato de realização, se este circuito será realizado conforme descrito. Consulte o site da USISM para informação sobre outros serviços que podem ser prestados, não presencialmente, na instituição.
Saiba que outros serviços estão disponíveis no Site da USISM – http://usism.pt/wp/

Onde posso consultar informação de saúde credível?
Em tempo de pandemia, uma realidade que tem sido constatada cientificamente é a tendência crescente pela busca de informação de saúde, na internet, em diversas plataformas digitais. Como forma de assegurar, não só a cientificidade da informação, mas também a sua adequação a um contexto local, aconselhamos o acesso e pesquisa de informação através de entidades de saúde oficiais. Consulte e siga sites e páginas com informação credível em saúde, como por exemplo:
• OMS – https://www.who.int/pt
• CDC – Centers for Disease Control and Prevention- https://www.cdc.gov/
• Portal do SNS (Serviço Nacional de Saúde) – https://www.sns.gov.pt/
• DGS (Direção-Geral de Saúde) – https://www.dgs.pt/
• DRS (Direção Regional de Saúde) – https://portal.azores.gov.pt/web/drs
• USISM – http://usism.pt/wp/

Se tiver dúvidas com a minha situação de saúde, ou em situações urgentes, como devo proceder?

Se tem dúvidas com o seu estado de saúde, não descure a sua vigilância!

Contacte a sua unidade de saúde para saber como resolver a sua situação. Qualquer aconselhamento específico deve ser esclarecido com o seu médico de família, médico de referência ou enfermeiro, para resolver questões clínicas não-urgentes.
Evidência científica reporta que, em contexto pandémico, tem havido uma redução da utilização de serviços de saúde em resposta a problemas cardiovasculares. Esta situação pode ser crítica, uma vez que, 31 em cada 100 açorianos sofre destes problemas e que eles são a principal causa de morte, para todas as idades, na região. Tal como em Portugal e na Europa, as doenças cardiovasculares são a principal causa de doença e perda de qualidade de vida da população, representando um forte impacto no consumo de serviços de saúde.
Manifestações mais graves e potencialmente fatais de doenças cardiovasculares podem culminar com Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM), ou Acidente Vascular Cerebral (AVC). O EAM é provocado pela obstrução de uma das artérias do coração (artérias coronárias) que habitualmente se manifesta pelos seguintes sintomas: Sensação de mal-estar geral, acompanhado de sudação (transpiração), náuseas, dor torácica (dor no peito) ou sensação de aperto, com grande intensidade podendo atingir uma duração superior a 30 minutos. Nalguns casos, essa dor é também sentida no braço esquerdo, pescoço, maxilar e mesmo no estômago.
O AVC resulta, mais frequentemente, da obstrução, por um coágulo sanguíneo, de uma das artérias responsável pela irrigação do cérebro. Nalguns casos, pode também corresponder a uma hemorragia cerebral. Sintomas sugestivos da sua ocorrência são: perda súbita de força num membro (braço ou perna); alteração súbita da fala (ou da compreensão das palavras); apresentação súbita de paralisia facial (desvio na boca).
Em caso de apresentar alguma destas manifestações agudas e/ou súbitas, desconforto ou mal-estar, ligue 112 ou dirija-se ao serviço de urgência!
Se apresentar estes sintomas e estiver infetado ou em isolamento profilático, por suspeita de infeção por SARS-Cov-2, deve informar os serviços a que pretende recorrer, para que a resposta em saúde seja adaptada à sua situação e seja salvaguardada a maior segurança para todos os envolvidos no seu processo de acompanhamento.

Sou hipertenso(a). Como posso controlar a minha Tensão Arterial?
Dentre os fatores de risco cardiovascular com maior relação comprovada com o desenvolvimento de AVC, a nível mundial, encontra-se a Hipertensão Arterial, presente em cerca de metade dos AVC e dos EAM verificados. Considerando que: as co morbilidades mais frequentemente identificadas em doentes internados com COVID-19 incluem a hipertensão arterial; entre as doenças cardiovasculares há uma alta prevalência de hipertensão arterial nos Açores e que a sua avaliação é um procedimento que se encontra ainda condicionado nas Unidades de Saúde, considerámos útil deixar algumas dicas e orientações para a sua autovigilância.
A Hipertensão Arterial caracteriza-se por uma afluência de sangue com maior pressão no interior das artérias, levando ao estiramento excessivo das mesmas, o que se reflete em valores de pressão arterial acima dos considerados normais e é definida, clinicamente, como uma elevação persistente (em várias medições e em diferentes ocasiões) de pressão arterial máxima maior ou igual a 140 mmHg e/ou por uma pressão mínima maior ou igual a 90 mmHg.
Se foi diagnosticado com Hipertensão Arterial, foi devidamente esclarecido sobre a sua condição clínica e aconselhado a manter a vigilância da sua Pressão Arterial, saiba que pode e deve avaliar e registar os seus valores tensionais.
Antes da medição, evite fumar e consumir café. É essencial que descanse, na posição sentada, pelo menos durante 5 minutos e. Não deve avaliar a sua pressão arterial imediatamente após a refeição e, durante a avaliação, deve respirar normalmente e evitar falar. Se a monitorização da pressão arterial é realizada com recurso a um equipamento eletrónico, deve seguir as indicações do fabricante para a sua correta utilização. Se apresentar, de forma persistente, valores de Pressão Arterial superiores aos acima mencionados (140/90 mmHg), deve dar conhecimento ao seu médico de família. Deve, também, estar alerta a sinais de risco associados, nomeadamente ocorrência de tonturas, vertigens, cefaleias persistentes, alterações da visão (visão turva). No caso da sua ocorrência, deve notificar o seu médico de família para melhor aconselhamento clínico. Cumpra, com rigor, o regime medicamentoso que lhe foi prescrito e, em caso de dúvida com a sua autovigilância, contacte o serviço de saúde de sua referência.
Para diminuir a probabilidade da ocorrência das doenças cardiovasculares, é essencial adotar um estilo de vida saudável que deve incluir uma alimentação variada e equilibrada, a prática regular de exercício físico, o controlo do stresse, etc.. A manutenção de uma vigilância de saúde regular é, também, um aspeto importante para manter a doença sob controlo. Considere a vigilância da sua pressão arterial como apenas uma das medidas para o seu controlo eficaz. Não descure o cumprimento das restantes recomendações para controlo da doença!

Vigilância da saúde para prevenção e controlo de situações COVID
Em tempo de Pandemia, considerando a variação do risco de contágio aferida pela variabilidade do Rt (índice de transmissibilidade: indicador de quantas pessoas um determinado indivíduo pode infetar, dentro de um determinado período) do vírus SARS-CoV-2, importa alertar para a possibilidade, ainda muito presente, de ocorrência de infeção e da sua transmissão, com particular relevo, aos grupos populacionais mais vulneráveis: pessoas com 65 anos ou mais, com doenças crónicas como doença cardíaca, doença pulmonar, doença oncológica, hipertensão arterial, diabetes, indivíduos com o sistema imunitário comprometido, transplantados. Neste sentido, é essencial que a população esteja informada sobre a importância da monitorização ativa de sintomatologia COVID e decorrentes cuidados associados.

Como posso saber se estou infetado/a com SARS-Cov-2?
Uma das indicações sugestivas de infeção por SARS-CoV-2 é a presença de sinais e sintomas associados, que podem surgir isolados ou associados e que variam em gravidade. Atualmente, pela Circular Normativa 39G, de 22 de junho de 2021, são assinalados, como critérios clínicos para definição de caso de COVID-19: anosmia (perda do olfato), perda do paladar, febre (elevação da temperatura corporal acima dos 38,0ºC) sem outra causa atribuível e rinorreia (corrimento nasal de características aquosas) sem outra causa atribuível; tosse súbita ou agravamento do padrão habitual, dispneia (dificuldade respiratória) e ou cefaleias. Outros sintomas descritos são, ainda: fadiga, náuseas/vómitos e diarreia, bem como mialgias (dores musculares). Alguns infetados, no entanto, podem não apresentar qualquer sintomatologia, os designados positivos assintomáticos. Nesse caso, a única forma de confirmar a infeção é através de um teste laboratorial ou autoteste.

O que é e como funciona, um autoteste COVID-19?
De modo a promover o controlo da pandemia por COVID-19, foram disponibilizados, para venda nas farmácias, testes rápidos de antigénio (TRAg), também designados como autotestes, que detetam proteínas do vírus SARS-CoV-2. Estes são testes concebidos para utilização e manipulação fácil, por parte de toda a população. Devem analisar amostras de exsudado nasal (em auto-colheita) e devem ser utilizados respeitando, com máximo rigor, as informações do fabricante. Os autotestes asseguram uma sensibilidade de 80% e uma especificidade de 97% para a deteção viral. Desempenho semelhante, embora inferior, à dos testes Moleculares de Amplificação de Ácidos Nucleicos (TAAN), realizados em meio laboratorial.
Estes testes não devem ser considerados como testes de diagnóstico em pessoas com suspeita de infeção ou em contactos com casos confirmados de COVID-19. A sua utilização está, atualmente, indicada em: surtos de infeção, rastreios em massa ou quando a utilização de teste laboratorial não esteja disponível, no prazo de 24 horas, para despiste atempado de infeção se houve um contacto de alto risco com pessoa confirmada como caso positivo. No contexto nacional são, também, sugeridos pela DGS, para utilização em eventos de natureza familiar, designadamente festas de casamento, batizados e aniversários, bem como quaisquer outras celebrações similares, com reunião de pessoas fora do agregado familiar, aos profissionais e participantes, sempre que o número de participantes seja superior 10; em eventos de natureza cultural, desportiva, corporativa ou em eventos de natureza cultural, aos profissionais e participantes/espectadores quando o número de participantes/espectadores seja superior a 1000, em ambiente aberto, ou superior a 500, em ambiente fechado.

Que limitações pode apresentar o autoteste?
Nos casos em que haja sintomatologia compatível com quadro de infeção por SARS-CoV-2, os autotestes devem ser utilizados nos primeiros 5 dias de evidência de sintomas para garantia da sua maior eficácia. Pelo fato de serem realizados pelo próprio indivíduo e na possibilidade de recolha incorreta da amostra ou da concentração de antigénio na amostra testada estar abaixo do limite de deteção do teste, alertamos para a possibilidade de resultados falsos negativos. Neste caso, os resultados do autoteste são sugestivos de infeção, mas carecem de ser confirmados pelos métodos laboratoriais.

O que devo fazer se o resultado do autoteste for positivo ou inconclusivo?
Após a realização do autoteste, um resultado positivo ou inconclusivo deverá ser comunicado à Linha de Saúde Açores (808 24 60 24). Os indivíduos sintomáticos ou contactos com casos confirmados devem contactar a Linha de Saúde Açores, independentemente do resultado do teste. Até à confirmação laboratorial de infeção por SARS-CoV-2, devem permanecer em casa, evitar contactos sociais e manter vigilância dos seus sintomas. Em caso de agravamento súbito: falta de ar, perda de apetite, confusão, dor persistente ou pressão no peito e febre persistente, devem notificar a Linha de Saúde Açores (808 24 60 64), para melhor gestão clínica da situação.

Que cuidados devo ter ao realizar o autoteste?
Para que a sua eficácia seja assegurada, aquando da compra do autoteste, leia e siga rigorosamente as instruções do fabricante e as instruções para a sua utilização. Algumas indicações específicas poderão variar entre testes de diferentes fabricantes, mas, de um modo geral, em comum, os vários testes sugerem o cumprimento das seguintes recomendações: não usar os testes após ultrapassado o prazo de validade ou se o aspeto se tiver alterado relativamente à data de compra; não abrir as embalagens do teste ou restantes componentes se não for realizar o teste no momento; quando efetuar o teste limpar e desinfetar a mesa onde irá colocar os vários componentes e lavar bem as mãos antes de abrir as embalagens, nunca reutilizar os testes nem os componentes que o acompanham e respeitar o tempo indicado no folheto informativo para ler o resultado do autoteste.

Considerações finais: Os esforços dos Serviços de Saúde para superar o contexto pandémico têm sido persistentes no tempo e continuam a ser necessários, de forma permanente, para a manutenção do controlo da Pandemia e para a garantia da segurança de toda a população. Da sociedade, e de cada um, a dedicação na superação desta Pandemia continua a ser desafiante. Acreditamos, pois que, ao sensibilizar a população para Vigiar, ativamente a sua saúde, quer no que toca a questões de saúde não-COVID, quer no alerta para a importância da monitorização do risco de infeção por COVID-19, estamos a dar o nosso contributo para assegurar a superação deste momento ímpar no curso das nossas vidas, com o menor prejuízo, e com a melhor Saúde possível.

#platuasaude

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Saiba mais em:
• Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Disponível em: https://www.cdc.gov/
• Direção Regional de Saúde (2020-2021). Informações Técnicas. Disponível em: https://destinoseguro.azores.gov.pt/?page_id=19
• Direção-Geral da Saúde (DGS). Disponível em https://www.dgs.pt/
• Direção-geral da Saúde (DGS) – Portal COVID-19. Disponível em https://covid19.min-saude.pt/
• Direção Regional da saúde (DRS). Disponível em: https://portal.azores.gov.pt/web/drs
• Entidade Reguladora da Saúde (2020). Informação de Monitorização Impacto da pandemia COVID-19 no Sistema de Saúde, Disponível em: https://www.ers.pt/media/3487/im-impacto-covid-19.pdf
• Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa. Barómetro COVID-19. Disponível em: https://barometro-covid-19.ensp.unl.pt/barometro-covid-19/
• European Centre for Disease Prevention and Control (2021). Infection prevention and control and preparedness for COVID-19 in healthcare settings. Disponível em: https://www.ecdc.europa.eu/en
• Governo dos Açores. COVID-19. Disponível em https://covid19.azores.gov.pt/
• Organização Mundial da Saúde (OMS). Disponível em https://www.who.int/pt
• Portal do SNS (Serviço Nacional de Saúde). Disponível em https://www.sns.gov.pt/
• Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel (USISM). Disponível em http://usism.pt/wp/

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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● Bhatti, S., Commisso, E., & Rayner, J. (2020). A Rapid Primary Healthcare Response to COVID-19: An Equity-Based and Systems-Thinking Approach to Care Ensuring that No One Is Left Behind. Healthcare Quarterly (Toronto, Ont.), 23(3), 29-33. doi: 10.12927/hcq.2020.26336
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● Direção-Geral da Saúde (DGS) (2021). Norma n.º 020/2011: Hipertensão Arterial: definição e classificação, atualizada a 19/03/2013. Disponível em: https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0202011-de-28092011-atualizada-a-19032013-jpg.aspx
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Artigo realizado por:
Alexandra Sousa, Carolina Vicente, Catarina Requeixa, Daniela Correia, Daniela Carvalho, Maria Gata, Maria Teresa Mansinho, Marília Carreiro, Milene Sousa e Rodrigo Clementino, estudantes do 2ª Ano do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de Saúde da Universidade dos Açores (no âmbito do Ensino Clínico em Cuidados de Saúde Primários/ Hospitalares I).

Sob supervisão pedagógica de: Raquel Dutra, Enfermeira Especialista em Enfermagem Comunitária

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