A febre é uma manifestação benéfica do organismo que decorre do combate às infeções não sendo considerada, por si só, uma doença. A febre acontece quando a temperatura média de base, do indivíduo aumenta, pelo menos 1ºC em relação ao seu valor de referência habitual. Se não se conhece a temperatura basal do indivíduo, considera-se a febre perante os seguintes valores de temperatura que variam, de acordo com os locais onde é feita a medição: ≥38°C no reto; ≥37,6°C na axila; ≥37,8°C no tímpano; ≥37,6°C na boca.
A medição da temperatura deve ser feita nestes locais, com recurso a termómetros específicos e adaptados a cada região, salvaguarda-se que a medição de temperatura retal é considerada a mais rigorosa forma de medição, devendo ser feito com a criança deitada de costas e introduzindo-se a ponta do termómetro flexível em cerca de 3cm no ânus, num trajeto paralelo às costas da criança. O método axilar, embora mais prático não é considerado tão preciso como o retal. Ao medir-se a temperatura axilar, o braço deve ser encostado firmemente ao tronco até o termómetro digital sinalizar a leitura. A temperatura timpânica só deve ser utilizada a partir dos 3 anos, enquanto que a oral só é recomendada depois dos 5 anos.
Quais são os “sinais de alerta” numa criança com febre?
Sonolência excessiva ou incapacidade de adormecer; face ou olhar de sofrimento; irritabilidade e gemido mantido; choro inconsolável; não tolerar colo; dor perturbadora; convulsão; aparecimento de manchas na pele nas primeiras 24 a 48 horas de febre; respiração rápida com cansaço; vómitos repetidos entre refeições; recusa alimentar completa superior a 12 horas; sede insaciável; lábios ou unhas roxas e/ou tremores intensos e prolongados na subida da temperatura; alteração da marcha; urina turva ou com mau cheiro; febre com duração superior a 5 dias completos.
Em que situações deve recorrer ao médico: na presença de um ou mais destes sinais de alerta; se a criança tem menos de 3 meses de idade (considera-se a idade corrigida em caso de nascidos prematuros); se idade inferior a 6 meses com temperaturas ≥40°C axilares (ou ≥41°C se retais); se tem doença crónica grave; se a febre persiste há mais de 5 dias ou se reaparecer após 2 a 3 dias de temperaturas normais.
Medidas a tomar para o controlo da febre: oferecer água e/ou leite a beber para prevenir a desidratação; adequar o vestuário à sensação de frio ou de calor; respeitar o apetite da criança; manter a vigilância dos sinais de alerta; em caso de desconforto da criança, administrar antipirético. Não deve ser feito arrefecimento para baixar a temperatura (banho, compressas, ventoinhas)!
Como administrar o antipirético: O antipirético é um medicamento utilizado para baixar a temperatura, em caso de febre, e aliviar o desconforto da criança. O seu propósito não é eliminar a febre. Deve ser administrado segundo a posologia descrita pelo médico e/ou de acordo com as informações do folheto informativo que acompanha o medicamento. O intervalo mínimo entre 2 tomas consecutivas nunca deve ser inferior a 4 horas. O antipirético é considerado eficaz se baixar a temperatura de 1 a 1,5°C no intervalo de 2 a 3 horas após a sua administração. Em caso de alergia ao paracetamol pode alternar-se a administração do paracetamol com ibuprofeno. Tirando esta situação, não há necessidade de utilizar o paracetamol alternado com um anti-inflamatório nem com outro tipo de antipirético.