Semana Europeia da Vacinação 2020 (2ª parte)

No contexto da atual pandemia de COVID-19, em que a população mundial anseia pelo rápido desenvolvimento de uma vacina efetiva contra o novo coronavírus SARS-CoV-2, é essencial relembrar a importância da vacinação recomendada no âmbito do Programa Nacional de Vacinação (PNV).
Esta pandemia recordou-nos, uma vez mais, que as doenças infeciosas não respeitam fronteiras e que se podem propagar rapidamente se não forem tomadas medidas para as combater. Neste sentido, a vacinação é uma das medidas de Saúde Pública com melhor relação custo-efetividade e o PNV em vigor confere proteção contra 12 doenças infeciosas. Porém, apenas com uma elevada cobertura vacinal da população é possível, não só imunizar quem é vacinado, mas também evitar a propagação de doenças, uma vez que a imunidade de grupo impede a circulação de agentes patogénicos.
Qualquer atraso no cumprimento da vacinação recomendada predispõe à ocorrência de surtos de doenças preveníveis através da vacinação como, por exemplo, de sarampo. Prova disso foram os dados publicados este mês pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, os quais revelaram que em Portugal foram notificados sete casos de sarampo nos primeiros dois meses deste ano, sendo que em todo o ano de 2019 foram notificados apenas 10 casos.
Na origem deste aparente aumento do número de casos de sarampo poderá estar o atraso na vacinação de crianças contra o sarampo nas idades recomendadas (aos 12 meses e aos 5 anos de idade), consequência dos receios dos pais de serem infetados pelo novo coronavírus, ao se deslocarem à Unidade de Saúde para a vacinação dos seus filhos.
As consequências, quer a nível individual, quer coletivo, do incumprimento do PNV são muito mais graves e imprevisíveis do que o risco de infeção pelo novo coronavírus nas deslocações à Unidade de Saúde. Não adie, de forma alguma, a vacinação nas idades recomendadas, de modo a evitar novos surtos de doenças preveníveis através da vacinação.
Se por qualquer motivo houver um atraso na administração de uma vacina recomendada, contacte a sua Unidade de Saúde de modo a agendar a vacinação em falta, mesmo que já tenham sido ultrapassadas as idades ou datas recomendadas.

A vacinação é um direito e uma responsabilidade, e cabe a cada um de nós garantir que juntos estamos protegidos!

Dr. Eduardo Paixão Silva

Unidade de Saúde Pública da USISM