O coração.

O funcionamento do coração é o que nos mantém vivos!

Há que preservá-lo, mantendo-o saudável o maior tempo possível. Quando este circuito “adoece”, surgem as doenças cardiovasculares. Estas ainda são a primeira causa de morte em Portugal. Um em cada 3 portugueses morre por doenças cardiovasculares. Há que evitar, prevenir ou adiar o aparecimento dos eventos cardiovasculares.

 

O que são doenças cardiovasculares?

São doenças, como o próprio nome indica, que afetam os vasos, vasculares, onde o sangue circula e o coração, cardio.

São elas a hipertensão arterial (aumento da pressão com que o sangue passa nos vasos), a doença coronária (doença das artérias do coração, coronárias, podendo ser resultado da acumulação de gorduras no sangue, formando placas as quais reduzem o lúmen do vaso), o enfarto agudo do miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) quando existe oclusão de uma artéria.

 

Quais os sintomas e como proceder?

A sintomatologia do enfarto agudo do miocárdio pode ser uma dor súbita no meio do peito, tipo peso, aperto, queimadura, opressão, esmagamento podendo irradiar para ambos os braços, garganta, maxilar, zona do estômago e costas;

No caso do AVC pode surgir uma súbita falta de força num membro ou numa parte do corpo, uma alteração da fala e/ou assimetria da face;

No caso da pressão arterial elevada pode ser dor de cabeça intensa e constante, zumbido no ouvido, tontura, poderá também estar associada a falta de ar, uma impressão no peito. Nestes casos deve-se ligar para o 112, onde um profissional de saúde irá enquadrar os sintomas e proceder à melhor e mais célere orientação da situação, nomeadamente, acionando a ida ao local de profissionais treinados com equipamento que lhes permita fazer diagnóstico, como ECG e assim reportar a situação para quem está no Serviço de Urgência de modo a que o utente tenha o tratamento o mais célere possível.

Apenas 17% das situações de enfarte agudo do miocárdio ligaram para o 112.

 

O que é o risco cardiovascular?

O risco cardiovascular é a probabilidade de cada um de nós vir a sofrer um evento cardiovascular no futuro. Deste modo há que controlar os fatores de risco cardiovasculares. Estes podem ser não modificáveis e modificáveis.

Os não modificáveis são: o género (a doença cardiovascular manifesta-se mais precocemente no homem), a idade (aumento proporcional do risco com a idade) e os fatores genéticos (familiares com doença cardiovascular antes dos 55 anos nos homens e antes dos 65 anos nas mulheres).

Os modificáveis, que requerem não só o empenho do utente como também a intervenção do profissional de saúde são o controlo da: hipertensão arterial, diabetes e dislipidémia. Os que são modificáveis e que dependem exclusivamente da mudança de estilos de vida do utente são: sedentarismo, hábitos tabágicos, alimentação não apropriada, obesidade e excesso de peso.

 

O que podemos fazer para controlar estes fatores de risco?

Há que incidir na prevenção da doença e na promoção da saúde, estilos de vida saudáveis que passam por:

Cuidados alimentares – adoção de uma dieta diversificada, fracionada, nutricionalmente equilibrada, rica em legumes, verduras, frutas e pobre em gorduras (totais e saturadas). Ter presente a roda dos alimentos, nomeadamente a água está no centro da roda e deve ser uma presença constante na nossa alimentação em detrimento dos sumos gaseificados e açucarados. Ao construir o prato temos de ter em atenção que ¼ são hidratos de carbono, ¼ são proteínas e ½ são hortícolas apresentando-o de forma apelativa, principalmente para as crianças. Reduzir o consumo de sal (valor ingerido inferior a 5,8 g/dia) usando ervas aromáticas como o alecrim, cebolinho, coentros, hortelã, louro, orégãos, tomilho). Ter atenção ao consumo de álcool.

Todo o agregado familiar deve estar envolvido, quem confeciona e/ou faz as compras do supermercado, devendo haver uma planeamento semanal da ementa, uma lista (à qual se deve cingir) em que conste a fruta, as hortaliças e não esquecer de ler os rótulos tendo em atenção os valores apresentados de gordura líquida, saturada, açucares e sal.

 

Exercício físico – A prática de exercício físico deve ser regular e continuada, 30 a 60 minutos, quatro a sete dias por semana. Deve ser adequada e enquadrada no dia-a-dia da pessoa, como por exemplo ir a pé para o trabalho, fazer caminhadas ou mesmo praticar um desporto individual ou mesmo em família. Os Idosos devem adicionar atividades físicas que promovam o equilíbrio e a coordenação, bem como o fortalecimento muscular, para ajudar na prevenção de quedas e na melhoria da saúde. Qualquer quantidade de exercício físico é melhor que nada. Tudo conta (parte integrante do trabalho, atividades domésticas).

Isto porque 6% da morte por doença coronária pode ser evitada com a pratica de exercício físico (segundo o programa nacional para a promoção da atividade física em Portugal 2021), além disso, também ajuda no controlo da diabetes, dos níveis de triglicéridos ou mesmo no controlo dos sintomas de ansiedade.

 

Peso – Importante a manutenção do peso normal (IMC entre 18,50 – 24,99 kg/m2) e perímetro da cintura inferior a 94 cm no homem e a 80 cm na mulher. Sendo o IMC calculado com base no peso e a estatura (razão entre peso e quadrado da altura), se 25-29.9 pré-obesidade e acima de 30 obesidade

 

Tabaco – Cessação tabágica é uma questão de mudança de comportamento. O consumo pode funcionar como tem um efeito tranquilizante, ansiolítico, por vezes como convívio social, daí a dificuldade na cessação. Nas consultas de MGF realizamos a intervenção breve 5 As: Abordar, Aconselhar, Avaliar, Ajudar e Acompanhar e atua-se de acordo. Poderá ter lugar uma referenciação à consulta de cessação tabágica sendo esta multidisciplinar: médico, enfermeiro, psicólogo, nutricionista e mesmos nalguns casos pode ser necessário a intervenção da assistente social (causas sociais podem motivar o consumo) para que a cessação seja continuada.

 

A importância da adoção de estilos de vida saudáveis.

Todo este equilíbrio é fundamental para a manutenção deste nosso motor, o coração, para que todos vivamos mais e melhor. As doenças cardiovasculares são um problema de todos nós enquanto comunidade e cabe a cada um de nós, enquanto indivíduo e cidadão de uma comunidade, aderir e adotar para que tenhamos qualidade de vida.